Lentes Premium x Lentes Convencionais
- História das Lentes Intraoculares
O que é a lente intraocular ? A lente intraocular (LIO) é uma peça de acrílico (na maioria das vezes) que não reage com o nosso corpo, implantada no momento da cirurgia de catarata para corrigir o grau refrativo.
Agora um pouco de história para vocês. Em 1795, foram utilizadas as primeiras lentes, feitas de vidro Casaamata – batizado em homenagem ao inventor –, mas a LIO caiu no interior do olho devido ao seu peso. O verdadeiro início da tecnologia de LIO utilizável ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Sir Harold Ridley era um cirurgião oftalmologista de plantão que cuidava de pilotos acidentados. Ele observou que pequenos pedaços da cúpula de polimetilmetacrilato (isto é, PMMA de aviões acidentados) que penetraram no olho durante a queda não causaram reação inflamatória. O material não foi rejeitado pelo corpo!
Ridley reconheceu que este material poderia ser ideal para implantação de lentes artificiais. Após pesquisa detalhada, Sir Harold Ridley implantou a primeira LIO de PMMA (rígida não dobrável) em 27 de novembro de 1947, no Hospital Saint Thomas, em Londres. A LIO, Transpex I (Rayner, Brighton Hove, Reino Unido), foi implantada com sucesso no olho de uma mulher de 45 anos.
O próximo marco na tecnologia de LIOs, foi o desenvolvimento de LIOs flexíveis/dobráveis, que mitigou as desvantagens associadas ao PMMA que necessitava de incisões grandes no olho. Em 31 de outubro de 1989, foi implantada a primeira LIO de silicone dobrável adequada para produção em massa (Phacoflex SI-18; Advanced Medical Optics [AMO], Santa Ana, Califórnia), feita de polidimetilsiloxano.
O material mais utilizado atualmente para as LIOs é o acrílico hidrofóbico, feito a partir da substituição de cadeias laterais na estrutura molecular do PMMA que levou a produção de lentes de acrílico com materiais flexíveis que são utilizados nas melhores LIOs disponíveis no mercado atual.
- Lentes premium: Monofocal sem filtro x Monofocal com filtro
O nosso cristalino naturalmente amarela com o tempo, possivelmente devido a uma oxidação progressiva nas fibras do cristalino. Advoga-se que esse amarelamento é uma resposta protetora do nosso corpo aos danos da luz solar na retina. Entretanto, o amarelamento progressivo e a perda da transparência do cristalino faz , em contrapartida, piorar a qualidade da visão. Nesse sentido houve uma tendência em implantar lentes com filtro de luz azul (ou seja, lente de cor amarelada) com a idéia de que protegeríamos a retina dos danos oxidativos do espectro de luz azul, reduziríamos a fotosensibilidade e evitaríamos a cianopsia (sensação de ver em tons de azul, “cores frias”) . Uma outra vertente da oftalmologia critica esses filtros alegando que podem interferir no ciclo circadiano (do sono) e também alterar a percepção real das cores ( ficando as cores “mais quentes”). Nenhuma das vertentes têm evidência científica absoluta para definir qual é a melhor. O que observamos na prática é que pacientes que colocam lente sem o filtro realmente relatam perceber o branco em tom levemente azulado, muito provavelmente porque antes eles viam amarelado, e muitos relatam fotosensibilidade. De forma geral, se o paciente não têm problemas com sono e já tem uma catarata amarelada, a minha tendência é oferecer sim as lentes com filtro azul. Atualmente temos opções de tons de amarelo mais sutil, que lembra um dourado.
Não devemos confundir o filtro azul com o filtro Ultravioleta (UV). Esse filtro está presente em todas as lentes , seja ela com filtro azul ou sem filtro azul.
- Lentes premium: Monofocal x Monofocal Tórica
Até 40% da população apresenta astigmatismo na córnea, um tipo de grau que embaça de distorce a visão para longe e perto. Um dos sintomas comuns é a sensação de sombra nas imagens, como se elas estivessem levemente duplicadas. As lentes monofocais não tóricas não corrigem o astigmatismo, fazendo o paciente com esse erro refrativo necessitar de óculos após a cirurgia para longe e perto. Já as lentes Monofocais Tóricas permitem a correção do astigmatismo dando uma independência dos óculos para longe, necessitando apenas de óculos para leitura. Para identificar se você tem astigmatismo na córnea é necessário realizar um exame de ceratometria ou topografia no consultório.
- Lentes premium: Monofocal Esférica x Monofocal Asférica
Após o advento das lentes de acrílico hidrofóbicas dobráveis, inúmeras marcas e modelos foram aperfeiçoando o design de suas ópticas, levando a produção de lentes asféricas, que se comportam melhor à curvatura da nossa córnea. Em comparação com uma lente esférica, que possui toda sua superfície com o mesmo raio de curvatura, as lentes asféricas tentam imitar a curvatura do nosso cristalino que é menos curvo na periferia. Dessa forma, evitamos um excesso de aberração esférica positiva que pode fazer reduzir a sensibilidade ao contraste. Essas lentes também vêm na opção tórica.
- Lentes premium: Monofocal x Monofocal Asférica Plus
Recentemente observou-se que pacientes com um residual de aberração esférica positiva tinham naturalmente uma profundidade de foco melhor que outros pacientes. Isso significa que eles conseguiam ler ainda em certa distância apesar de já terem mais de 40-50 anos de idade. Dessa forma, as empresas começaram a estudar a possibilidade de manter certa aberração esférica no centro da lente monofocal para dar uma profundidade de foco extra nessas lentes. O que se observa é que pacientes com essa lente conseguem ver uma letra maior a uma distância de 50cm de forma mais nítida que um paciente que optou por uma monofocal simples (convencional). Essas lentes também vem na opção tórica.
- Lentes premium: Bifocais, Trifocais, Pentafocais e Foco Estendido
Por fim temos as lentes premium top de linha que são de acrílico hidrofóbico, asféricas, vêm com opção tórica e um adicional de correção da presbiopia.
O que é a presbiopia? Você já deve ter percebido que após os 40 anos, se você não tinha grau de miopia, a visão de perto foi para o espaço. De um dia para o outro, embaçou para mexer no celular, para assinar um documento ou qualquer atividade de perto. Isso ocorre porque nosso cristalino jovem é macio, flexível e se ajusta às diversas posições, permitindo visão nítida em todas as distâncias. Mas como todo nosso corpo envelhece, não seria diferente como o olho. Esse músculo que ajusta o foco fica cansado, o cristalino menos flexível, e o resto você já sabe.
Portanto, para resolver esse problema, os oftalmologistas e físicos pesquisaram juntos formas para implementar tecnologia na lente intraocular e permitir mais de um foco de visão, ou seja, além de longe, dar visão para perto.
As primeiras que vieram foram as bifocais que dividiram a luz para longe e perto (33cm), mas essas possuiam um gap fora de foco na visão intermediária. Na sequencia surgiram as lentes de foco estendido, que davam um foco contínuo de visão do infinito até por volta de 50cm, corrigindo a visão intermediária. E por uns anos muitos oftalmologistas faziam um blend (mistura) entre tecnologias colocando uma foco estendido no olho dominante e uma bifocal no olho não dominante. Nos últimos anos as empresas lançaram as trifocais e pentafocais para na mesma lente proporcionar diversos focos sem necessidade de blend.
Para saber mais sobre as lentes premium e se elas são adequadas para você leia o post sobre “Cirurgia de Catarata com Lente Premium: Vale a Pena?”
Boa leitura!